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  • Foto do escritorBTI Technology & Intelligence

A atividade de Inteligência nacional e a visão de futuro

A Força Espacial dos EUA (U.S. Space Force) tornou-se o 18º membro da comunidade de Inteligência dos EUA. Elementos de Inteligência do Exército, Marinha, Corpo de Fuzileiros Navais e Força Aérea fazem parte da comunidade de Inteligência dos EUA. A Força Espacial será adicionada em seguida. Isto tende a fortalecer a parceria entre o Departamento de Defesa e a comunidade de Inteligência norte-americanos.



A comunidade de Inteligência norte-americana tem duas agências independentes: o Escritório do Diretor de Inteligência Nacional (DNI) e a Agência Central de Inteligência (CIA), o que equivaleria, as duas, à nossa Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).


Há, também, oito elementos do Departamento de Defesa norte-americano: a Agência de Inteligência de Defesa (DIA), que equivale à Subchefia de Inteligência de Defesa (SIDE), do nosso Ministério da Defesa; a Agência de Segurança Nacional (NSA), a Agência Nacional de Geointeligência (NGA), e o Escritório Nacional de Reconhecimento (NRO), sem equivalentes nacionais; e elementos de Inteligência das quatro Forças Armadas, assim como no Brasil.


Os outros sete são elementos do Departamento de Energia, do Departamento de Segurança Interna, do Departamento de Justiça, do Departamento de Estado e do Departamento do Tesouro.


A adesão da novíssima Força Espacial norte-americana à comunidade de Inteligência daquele país é uma demonstração – inconteste – da visão de futuro dos líderes responsáveis pela atividade. Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, os EUA remodelaram toda sua estrutura de Inteligência, deixando-a mais ágil, menor, e mais objetiva.


No Brasil, fazem parte do Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN), criado em 1999 – após a extinção desastrosa do Serviço Nacional de Informações (SNI) em 1990, por Fernando Collor – 42 órgãos (!), entre ministérios e instituições federais de áreas como segurança, Forças Armadas, saúde, transportes, telecomunicações, fazenda e meio ambiente. O órgão-central do Sistema é a ABIN.



Circunscrito ao SISBIN, o Brasil conta com o Sistema de Inteligência de Defesa (SINDE), constituído pela SIDE (órgão-central) e pelos Centros de Inteligência das Forças Armadas, a saber CIM (Marinha), CIE (Exército) e CIAer (Aeronáutica). Curiosamente, o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM), subordinado ao Ministério da Defesa e que faz parte do SISBIN, não integra o SINDE. Isto dificulta a troca de dados e conhecimentos de Inteligência em operações do porte da Verde Brasil 2, por exemplo, em que o CENSIPAM é o responsável pela geração de dados geoespaciais para as atividades a serem desenvolvidas pelas tropas desdobradas em primeiro escalão na Amazônia e no Centro-Oeste brasileiros.


Com tantos órgãos envolvidos no SISBIN, não se pode dizer é uma tarefa fácil coordenar esforços para a produção de conhecimento de Inteligência em nível nacional. Tão pouco pode-se afirmar que a estrutura de Inteligência brasileira é enxuta, ágil ou objetiva.


Mas, o que se percebe, ao nos depararmos com uma notícia como essa, a respeito da criação de uma Força Espacial integrante do sistema de Inteligência nacional, e a despeito dos recursos envolvidos, é:


1) a certeza de que uma nação não sobrevive sem Inteligência;


2) a busca de dados e o direcionamento do planejamento futuro deve ser baseado em Inteligência; e


3) a Inteligência deve ser de responsabilidade de órgãos cujas atuações no presente impactam – sobremaneira – os rumos da nação no futuro.


A adesão da Força Espacial norte-americana à comunidade de Inteligência daquele país é uma acertada e natural decisão. A centralização do levantamento das “necessidades de conhecer” da nação leva a termo a intenção de os EUA não serem mais surpreendidos em seu próprio território. E os 18 membros que compõem a estrutura de sua comunidade de Inteligência deixa claro quais são os pilares que sustentam o desenvolvimento geopolítico daquele Estado Democrático.


Que o Brasil consiga organizar-se de maneira pragmática para fazer frente aos desafios vindouros. E que a atividade de Inteligência no nosso País possa merecer o reconhecimento de toda a sociedade, pelo seu vulto e sua importância na construção de uma Nação mais próspera, segura e pujante.

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